Esta terça-feira (16), foi realizada a mesa de abertura internacional da conferência livre “Informação em Ciência, Tecnologia e Inovação”, organizada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Participaram do encontro Clara Chu (Mortenson Center), Mariana Gonçalves Madeira (ABC), Alberto Pacheco Capella (UNEP/PNUMA), Fabio Eon (UNESCO) e Jeannette Lebrón Ramos (IFLA).
Na abertura da mesa, Tiago Braga, diretor do Ibict, destacou a importância da cooperação internacional em projetos informacionais. “A cooperação entre instituições permite que a ciência supere as barreiras, fronteiras e seja de fato o grande mecanismo de integração da sociedade em âmbito mundial. A informação pode e deve ser o agente integrador dos países, das instituições e de uma sociedade mais justa e igualitária, em que as pessoas tenham de fato acesso a seus direitos, possibilidades e a uma vida digna”, afirmou.
A canadense Clara Chu apresentou o trabalho do Mortenson Center, que busca fortalecer os laços internacionais entre bibliotecas de todo o mundo e que desenvolveu ferramentas de inovação como as iniciativas Bibliotecas para a Paz, voltada para facilitar diálogos e ações comunitárias para a paz e Bibliotecas para a Sustentabilidade, com foco na Agenda 2030. “A leitura é um desenvolvimento não apenas pessoal, mas social. Aprendemos a ler, mas também a ter consciência para ler, ouvir e ver o mundo”, reflete.
O oficial responsável pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Alberto Pacheco Capella, destacou os desafios ambientais da atualidade e a necessidade de políticas públicas adequadas para enfrentar os desafios globais sem precedentes. Em seguida, destacou o Lavoisier, uma ferramenta desenvolvida pelo Ibict que promove a interoperabilidade entre os diversos sistemas e bases de dados de ACV. A ferramenta foi indicada pelo PNUMA para integrar a Plataforma Global de Acesso a Dados de ACV (GLAD, em inglês), o maior repositório mundial do tema. “O enfoque em Ciclo de Vida surge como uma base para o consumo e produção sustentável, oferecendo uma visão holística para todo o sistema ao identificar os produtores de impacto e nos capacita para navegar nesse mundo interconectado com precisão e eficiência”, diz Capella.
A parceria histórica com o Ibict foi relembrada por Fabio Eon, coordenador de Ciências Humanas e Sociais e Ciências Naturais da UNESCO. A organização participou ativamente na fundação do Ibict e ao longo das últimas décadas, as duas instituições cooperaram em temas como ciência cidadã, ciência aberta, preservação de acervos e memória e o combate à desinformação científica. “O Ibict tem sido um parceiro fundamental da UNESCO e tenho orgulho de dizer que o Ibict tem sido uma referência na UNESCO em temas que ela tem defendido desde seu nascimento”, avalia.
A porto-riquenha Jeannette Lebrón Ramos apresentou a visão da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) para a informação e refletiu sobre o papel do Ibict para o Brasil e para a América Latina. “Hoje é um dia significativo porque celebra os 70 anos de uma instituição que desempenha um papel vital no desenvolvimento e na promoção de recursos e infraestrutura em informação em ciência e tecnologia no Brasil”. Em parceria com o Ibict, a IFLA realizou o mapeamento mundial das escolas e instituições que oferecem cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação.
Representando a ABC, a ministra Mariana Gonçalves Madeira apresentou duas iniciativas realizadas em parceria com o Ibict – a Plataforma ODIS (Observatório de Desenvolvimento Integrado Sustentável) que traz as boas práticas e políticas públicas de inclusão digital na América Latina, e o Observatório da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento – OCID. “A ABC é o fio condutor das relações do Brasil com o Sul Global. No OCID tivemos acesso de mais de 71 países neste observatório, o que mostra o impacto do nosso empenho em prol dessa ciência aberta que se desdobra em soluções concretas como essa”, reflete.
A conferência livre promovida pelo Ibict continua até quinta-feira (18), em Brasília, e reúne representantes do governo, universidades e unidades de pesquisa. Entre os temas discutidos, estão a ciência aberta e o papel da informação para o desenvolvimento nacional.