A colaboração entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e o Instituto Lula resultou em uma série de seminários com foco na região latino-americana e na adoção de políticas públicas para a inclusão digital.

O primeiro evento do “Seminário Latino-Americano de Políticas Públicas para Inclusão Digital”, realizado nos dias 16 e 17 de maio, em formato híbrido, contou com a presença de representantes das três instituições e de onze países-membros da Rede Federada de Repositórios Institucionais de Publicações Científicas, ou Rede “LA Referencia” (Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, México, Peru, Panamá e Uruguai, além da Espanha, na qualidade de observador).

O tema do encontro deste mês foi: “Novas tecnologias, novos comportamentos: da estrutura ao cidadão”. Foram discutidos temas de universalização e massificação dos serviços de telecomunicações, tais como 5G, 6G, marco legal, inovação científica, inteligência artificial, realidade virtual, realidade aumentada, imersão de áudio, banda larga e cidadania.

A Diretora-Adjunta da ABC, Embaixadora Luiza Lopes, abriu o encontro ressaltando que espera que esse seja o primeiro de uma longa série de eventos relacionados à inclusão digital. “O desafio é levar a inclusão digital às populações, em especial aquelas em situação de vulnerabilidade”, disse. “A inclusão digital abre as portas para diversos aspectos da cidadania”, completou.

Já Cecília Leite, Diretora do Ibict, lembrou que o seminário busca fortalecer o bloco composto pelos países presentes. “Nosso objetivo com o seminário é conhecer um pouco o estado da arte de cada um dos países no contexto digital”, lembrou. “É necessário criar maiores laços com os demais países da América Latina e consolidar a região, por meio da troca de informações para que caminhemos juntos e fortes”, destacou Leite.

A Diretora do Instituto Lula, Tamires Sampaio, lembrou que a inclusão social passa pela inclusão digital. “Estamos passando por um momento em que há desafios, uma vez que o acesso das pessoas está cada vez maior aos meios digitais, e é pelo meio digital que há divulgação de fake news e discurso de ódio, por exemplo”.

João Caldeira Brant, Secretário de Políticas Digitais da SECOM, da Presidência da República, convidado especial para o evento, disse que a Secretaria foi criada pelo Governo Federal com a finalidade de enfrentar o discurso de ódio e a desinformação no meio digital. Brant anunciou, durante o evento, a criação de um comitê de políticas públicas para o ambiente digital. “Esse comitê será composto por 17 ministérios, que têm foco no digital, e aberto para especialistas e para membros da sociedade civil, com um papel chave de fazer articulação e desenho de ações estratégicas no tema para o Estado brasileiro”.

Para o professor André Barbosa Filho (Unicamp), o tema da inclusão digital é transversal na América Latina e a cooperação entre os países é fundamental para se pensar em estratégias de políticas públicas. “Nós temos um grande potencial na América Latina de desenvolvimento tecnológico, de pesquisa e ensino da tecnologia. A América Latina tem o que mostrar, mas ela precisa se unir. Buscamos debater os principais temas de inclusão digital e criar um espaço de conhecimento, para pensar em conjunto sobre programas que entreguem conectividade, tecnologia e que possam solucionar as demandas digitais da sociedade e dos cidadãos”, salienta.

Ciclo de Seminários e observatório

O ciclo de seminários tem como principais objetivos conhecer a realidade de cada um dos países que integram a América Latina. Durante o evento, representantes dos países participantes da La Referencia apresentaram o contexto e ações no que concerne ao desenvolvimento tecnológico voltado para a inclusão digital, bem como à situação atual das pesquisas locais relacionadas ao tema; ao compartilhamento de ações e benefícios junto às populações dos países do grupo; ao fomento da cooperação entre as instâncias decisórias acerca do tema, incluindo trocas de experiências e informações relacionadas aos padrões tecnológicos a serem adotados.

O segundo seminário, previsto para 13 e 14 de junho, terá como tema: “Apropriação digital. Emancipação de populações em situação de vulnerabilidade”. O terceiro seminário, nos dias 18 e 19 de julho, tratará de: “Desenvolvimento industrial e sustentabilidade ambiental e social”. Já o quarto seminário, marcado para 22 e 23 de agosto, será no formato presencial, em Brasília, com o título: “Observatório informacional latino-americano para o desenvolvimento digital sustentável”, que vai debater o desenvolvimento de uma plataforma.

O observatório tem como objetivo tornar-se uma ferramenta por meio da qual o Brasil e os países da América Latina poderão manter estreito relacionamento, trocar informações e conhecimentos, além de fortalecer capacidades da região em relação ao tema.

Com informações da Agência Brasileira de Cooperação.