Software brasileiro inovador é utilizado pela ONU Meio Ambiente para a conversão de dados globais de sustentabilidade
O Lavoisier, desenvolvido em parceria entre Ibict/MCTI e UTFPR, facilita a conversão entre centenas de variáveis de estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) na plataforma global da ONU.
Uma inovação tecnológica brasileira acaba de ganhar protagonismo internacional na área da sustentabilidade. O software Lavoisier, que promove a interoperabilidade entre diferentes sistemas e bancos de dados de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), já está em pleno funcionamento na plataforma Global LCA Data Access (GLAD) da ONU Meio Ambiente. A ferramenta representa uma facilidade para melhorar a sustentabilidade de um processo ou produto.
A ferramenta é fruto de uma colaboração científica entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), unidade de pesquisa do MCTI, e o Centro de Avaliação da Sustentabilidade do Ciclo de Vida (Gyro), da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).O Lavoisier se destaca por sua capacidade de realizar conversões diretas e indiretas entre as centenas de variáveis analisadas em um estudo de ACV. Essa funcionalidade garante que todas as informações relevantes sejam consideradas durante o processo de conversão e preservadas para uma análise muito mais abrangente dos impactos ambientais, sociais e econômicos de produtos e serviços.
O chefe da Iniciativa de Ciclo de Vida do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Llorenç Milà i Canals, ressalta a importância da ferramenta. “Desde janeiro de 2025, a plataforma GLAD apresenta o framework de conversão Lavoisier, que oferece conversão robusta e atualizada entre os formatos de inventário ILCD e EcoSpold 2. Os usuários podem personalizar as conversões com
configurações avançadas e usar as tabelas de mapeamento atualizadas. Ao adicionar essa funcionalidade, o diretório dá um passo importante em direção à interoperabilidade de dados e ao intercâmbio de dados contínuo”.
O Global LCA Data Access (GLAD) (https://www.globallcadataaccess.org/) é o maior diretório global não comercial de conjuntos de dados de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), provenientes de provedores independentes de todo o mundo. A Iniciativa do Ciclo de Vida, hospedada pelo PNUMA, é a custodiante do GLAD.
O diretor do Ibict, Tiago Braga, enfatiza a importância de decisões estratégicas baseadas em evidências. Ele explica que a conversão de dados primários do Lavoisier, tanto do Brasil quanto de outras partes do mundo, é crucial para fundamentar políticas de sustentabilidade, discussões sobre mudanças climáticas e iniciativas de economia verde e competitividade ambiental.
“A criação de um mecanismo de interoperabilidade entre o Brasil e o mundo amplia a transparência sobre os dados de sustentabilidade e permite a construção de vários mecanismos de inovação, de comércio multilateral e de cooperação entre os países, para priorizar que os dados de sustentabilidade sejam de fatos utilizados no processo de tomada de decisão. Isso é muito importante em um ambiente de emergência climática, em um ambiente de grandes transformações na forma como a sociedade se relaciona com a natureza. E o Brasil tem um papel predominante e um papel protagonista nesse processo”, avalia Tiago Braga.
A professora do Centro de Avaliação da Sustentabilidade do Ciclo de Vida (Gyro), da UTFPR, Cássia Ugaya, ressalta que possibilidade de utilizar dados com formatos diversos é crucial, mas representa um desafio que exige atenção. A integração dessas informações, concebidas de maneiras distintas, requer um cuidado especial para evitar interpretações equivocadas e garantir a validade de seu uso.
“Embora o conversor Lavoisier facilite a interoperabilidade entre diferentes formatos de inventários de ACV, aumentando significativamente a disponibilidade de dados ambientais para ACV, é importante utilizar dados de fontes diversas com cautela, devido às diferentes exigências e especificidades de cada fornecedor de dados de ACV”, diz.
A necessidade do desenvolvimento de um conversor foi apontada na Rota Estratégica de Base de Dados de ACV, projeto financiado pela Comissão Europeia e comissionado pela Iniciativa de Ciclo de Vida do PNUMA. O código do conversor Lavoisier é parte integrante da tese de José Paulo Savioli, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais da UTFPR.
Desenvolvimento de soluções para a informação em sustentabilidade
A ACV é uma técnica essencial para analisar os impactos ambientais de um produto ou serviço, desde a extração da matéria-prima até o descarte final. Nesse processo, são coletadas informações como consumo de energia, transporte, geração de resíduos e emissão de poluentes. Esse levantamento de dados ajuda a identificar os pontos críticos de impacto na cadeia de valor, permitindo a adoção de práticas mais sustentáveis por empresas, indústrias e governos.
“Estamos desenvolvendo serviços estratégicos para a informação técnica sobre sustentabilidade e contribuir para a tomada de decisões baseadas em evidências, para o fortalecimento da ciência e para o atendimento aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente o ODS 12 – Produção e Consumo Responsáveis, ao disponibilizar dados e informação sobre perfil ambiental de processos produtivos nacionais”, diz Tiago Braga, diretor do Ibict.
Além do Lavoisier, o Ibict tem atuado em diversas frentes para desenvolver ferramentas de ACV, como o Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida (SICV Brasil), criado para abrigar Inventários do Ciclo de Vida de produtos nacionais. O objetivo do SICV Brasil é implantar no país um sistema reconhecido em âmbito internacional, capaz de organizar, armazenar e disseminar informações padronizadas
sobre inventários do Ciclo de Vida da produção industrial brasileira. O banco ainda se apoia em outros serviços correlatos como o Importador, um sistema de submissão de inventários ao SICV.
Mais informações e a notícia na íntegra, podem ser consultadas em: https://www.gov.br/ibict/pt-br/central-de-conteudos/noticias/2025/marco/software-brasileiro-inovador-e-utilizado-pela-onu-meio-ambiente-para-a-conversao-de-dados-globais-de-sustentabilidade